Óleo de argan funciona de verdade?
Óleo de argan por seu tom foi apelidado de ouro líquido do Marrocos, seu país de origem. O óleo de argan também é conhecido por sua propagada capacidade de fazer maravilha pelos cabelos que conquistou o mundo todo
De uma hora para a outra, ele virou item obrigatório nos salões de cabeleireiro e no rótulo de cosméticos. Como se fosse uma nova celebridade, começou a aparecer em revistas e programas de televisão e se tornou assunto em rodas de conversa sobre beleza. Hoje é difícil encontrar quem não tenha ouvido falar sobre o bendito — e caro — óleo de argan e seus benefícios para as madeixas.
Mas, apesar de todo auê, poucos por aí sabem explicar de modo mais aprofundado como ele agiria sobre os fios, se é indicado para todo mundo e como deveria ser aplicado, já que cada um fala uma coisa. Por isso, corremos atrás de quem tem a palavra da ciência para orientar sobre como tirar o melhor proveito possível do produto: “O óleo de argan reveste os fios com uma espécie de filme protetor, evitando que percam água para o ambiente”, explica o tricologista Valcinir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo. “Ele hidrata, fortalece, nutre e revitaliza o couro cabeludo e os cabelos, que ficam mais brilhantes, sedosos e maleáveis”, acrescenta Maurício Pupo, presidente da Sociedade Brasileira de Cosmetologia. Mais elogios? “A substância é rica em ácidos graxos essenciais, como o linolênico e o oleico, e vitaminas A, D e E. Essa característica faz com com que ela tenha ação reparadora e antioxidante”, reforça a dermatologista Maria Paula Del Nero, de São Paulo, que é membro da Academia Internacional de Dermatologia Cosmética. “Assim, o argan minimiza o desgaste provocado por estresse, poluição, sol, vento, secador e processos químicos. E ainda combate o envelhecimento capilar.” Uau!
Mil e uma utilidades
Outro ponto a favor do óleo de argan é que ele pode mesmo ser usado de diferentes formas. Aplicado sobre os cabelos secos em toda a sua extensão, faz o papel de finalizador. Usado nos fios úmidos, hidrata e protege do calor do secador e da chapinha. “E ainda é um ótimo aliado contra o frizz porque, como encapa os cabelos, consegue preserválos da produção de eletricidade estática, responsável pelo aspecto arrepiado”, acrescenta Valcinir Bedin.
O elixir marroquino não precisa brilhar sozinho. “Ele pode ser misturado a outros cosméticos, como xampus, condicionadores, máscaras e cremes sem enxágue, deixando os fios ainda mais hidratados e otimizando o efeito desses produtos”, receita o médico Ademir Júnior, diretor da Associação Internacional dos Tricologistas. Em alguns salões de cabeleireiro, o óleo de argan é colocado até mesmo nas tinturas para tentar reduzir as agressões provocadas pela química.
Diante de tantos benefícios, dá vontade de besuntar a cabeleira diariamente, não é mesmo? Mas os especialistas alertam que é preciso parcimônia. “O ideal é que o produto seja aplicado a cada dois ou três dias, porque ele costuma impregnar a fibra capilar e, daí, pode saturar o fio”, diz Ademir Júnior. “Quando isso acontece, seus efeitos positivos começam a ficar menos evidentes.” A turma que tem cabelos oleosos deve ter cuidado redobrado. “Não existem estudos conclusivos sobre as contraindicações do óleo, mas, como sua composição é de cerca de 99% de ácidos graxos, ou seja, gordura, seu uso constante pode deixar a oleosidade ainda mais exacerbada”, afirma Maurício Pupo. “Por isso, já existe uma versão mais leve do ingrediente especialmente para esse tipo de fio, que deve ser aplicada apenas nas pontas”, completa Maria Paula Del Nero.
Atenção: Quem tem cabelos oleosos deve maneirar no uso do óleo de argan. Como ele é rico em gorduras, se for aplicado em excesso, pode deixar os fios com aspecto bem pesado.
Olho vivo na hora da compra
Com o diz que diz em torno do óleo de argan, uma enxurrada de cosméticos com esse ingrediente tomou conta das prateleiras das lojas especializadas. Mas será que todos eles oferecem, de fato, os mesmos benefícios do produto vendido puro? “Muitas empresas usam o argan como um apelo de marketing e adicionam quantidades baixíssimas desse ativo nas suas fórmulas”, acusa Ademir Júnior. Segundo ele, separar o joio do trigo é muito importante, mas nem sempre é fácil. “Na dúvida, entre em contato com um profissional ou com o serviço de atendimento ao consumidor”, sugere. “O caminho mais seguro é apostar em marcas conhecidas e consideradas confiáveis no mercado”, diz Maria Paula Del Nero.
Mais ganhos para o corpo
Diferentemente do que muita gente pensa, ele não é indicado apenas para os cabelos. “Estudos realizados em instituições importantes, como a Universidade de Reims, na França, constataram que a substância auxilia também na hidratação da pele, melhorando sua saúde e aparência”, relata Maurício Pupo. “No caso, os trabalhos mostraram que o óleo tem propriedade antioxidante, retardando também o envelhecimento cutâneo, e anti-inflamatória, o que ajuda a cicatrizar feridas”, acrescenta. As unhas também podem se beneficiar com o ouro do Marrocos. “Ele, afinal, funciona como um agente hidratante”, diz Valcinir Bedin. E, assim como acontece com as madeixas, o óleo protege as garras das agressões externas e tem ação regeneradora, ajudando a deixá-las mais fortes e bonitas.
Outros cuidados com os cabelos no verão
O primeiro passo é usar apenas cosméticos de qualidade. “Lançar mão dos cremes sem enxágue também é indicado, mas nada de emplastar os fios, porque isso pode fragilizá-los”, alerta Ademir Júnior. E não se esqueça do filtro solar. “Reaplique o produto a cada duas horas ou quando entrar na água. No final do dia, lave a cabeça com bastante água doce”, ensina Valcinir Bedin. “Aplicar máscaras hidratantes, de preferência misturadas com uma porção igual de óleo de argan aquecido, ajuda”, diz Maria Paula Del Nero.
Experimente também
Óleos de diferentes origens são promessa de beleza e saúde
1. Abacate
É riquíssimo em nutrientes, como vitaminas A e C, magnésio e ômega-3. Mantém os fios bem hidratados, sedosos e brilhantes e recupera os danificados.
2. Mono
Originário do Taiti, ele é fruto da mistura da flor tiaré, comum na região, com o óleo de coco. É indicado para o cabelo e para a pele, melhorando sua firmeza e elasticidade.
3. Ojon
Obtido da castanha de uma palmeira típica do Caribe, ele promete ser ainda mais benéfico que o de argan para a pele e para os cabelos, especialmente os ressecados.
4. Coco
“Fortalece e hidrata profundamente os cabelos e é um dos poucos que conseguem penetrar bastante nos fios e no couro cabeludo”, diz Maria Paula Del Nero. “Aí, o ideal é usá-lo puro.”
Fonte: Saúde