Meditação pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade
Estudo mostra que manifestações leves das doenças se beneficiam mais da prática
A meditação diária pode ajudar algumas pessoas a aliviar a ansiedade, depressão e dor, afirmam pesquisadores da Johns Hopkins University (EUA). O estudo foi publicado online dia 06 de janeiro no JAMA Internal Medicine.
Os autores revisaram 47 estudos anteriores que analisavam o efeito da meditação sobre várias condições, incluindo abuso de substâncias, hábitos alimentares, sono, dor e peso, além de depressão e ansiedade. O trabalho incluiu 3.515 participantes, muitos dos quais receberam cerca de 30 a 40 horas de treinamento em meditação consciente.
Foi encontrada uma melhoria de 5 a 10% nos sintomas de ansiedade em relação aos grupos placebo. Para a depressão, os autores perceberam uma melhora de aproximadamente 10 a 20% nos sintomas em comparação com o grupo placebo. Isso é similar aos efeitos de antidepressivos em populações semelhantes.
O estudo mostrou que a medicação tem um impacto moderado para ansiedade, depressão e dor, mas baixo ou insuficiente para os outros fatores avaliados. A meditação era praticada normalmente durante 30 a 40 minutos por dia.
De acordo com os cientistas, os benefícios eram mais expressivos em pessoas que praticavam meditação com acompanhamento de um profissional ou que fizeram algum curso prévio.
Aproveite os efeitos e conheça os benefícios da meditação
Que tal reservar vinte minutos do seu dia para transformar todas as outras horas em momentos mais leves e relaxantes? De acordo com as pesquisas mais recentes, este é o tempo que você precisa dedicar, diariamente, à meditação para equilibrar o organismo e evitar os riscos do estresse. “Técnicas de meditação são usadas como tratamento complementar para uma série de problemas de saúde, principalmente aqueles com relação emocional”, afirma o médico acupunturista Mário Sérgio Vieira, Coordenador do Comitê de Terapias Complementares do Hospital Israelita Albert Einstein. Estresse, dor crônica, cefaleia, ansiedade, depressão, hipertensão, cardiopatias, câncer e problemas gastrointestinais estão entre os males aliviados com alguns minutos de descanso para a mente.
Entenda os efeitos
As primeiras pesquisas que analisam os efeitos da meditação são da década de 1970, do professor Herbert Benson, de Harvard. “Ele constatou que o nosso organismo tem a capacidade de atingir um estado fisiológico de relaxamento (físico, mental, emocional e metabólico), oposto ao estado de estresse”, afirma Mário Vieira.
Roberto Cardoso, médico e pesquisador da área de meditação na Unifesp, conta que esse estado de relaxamento representa uma grande redução do consumo de oxigênio pelas nossas células. “É como se o nosso cérebro entrasse num estado com redução máxima do consumo de energia, mantendo apenas as mínimas funções para continuar ligado”.
Qual seria a vantagem desse estado de repouso? Segundo o estudo de Harvard, a alteração provoca diminuição da frequência cardíaca, da tensão, dos níveis de pressão arterial, da ansiedade e do metabolismo como um todo.
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA) analisaram 500 estudantes que nunca haviam meditado. Os participantes fizeram um treinamento de 20 minutos da prática, durante três dias consecutivos e, depois, foram submetidos a testes com choques elétricos.
Os resultados, publicados no The Journal of Pain, apontaram que a meditação ajudou a aliviar a dor, mesmo que os estudantes fossem iniciantes. Segundo o autor do estudo, Fadel Zeidan, a meditação pode ser capaz de reduzir as respostas emocionais do corpo, principalmente as que estão relacionadas à dor. Quando alguém está esperando um estímulo doloroso, a dor fica mais acentuada. Mas se você se concentrar na respiração de uma forma relaxada, terá menos expectativa de dor.
Na Universidade de Wisconsin (Estados Unidos), pesquisadores acompanharam oito praticantes de meditação budista de, em média, 49 anos de idade, que praticaram meditação ao longo de 15 a 40 anos. Eles foram comparados a um grupo de controle de 10 estudantes, com uma média de 21 anos de idade.
Foi constatado que a meditação budista durante longos períodos induz a alterações na função cerebral, o que produz um efeito duradouro na cognição e nas emoções. A prática melhora a atenção e a percepção. “Além disso, meditar permite uma liberação maior deserotonina, hormônio relacionado à felicidade, que ajuda a prevenir depressão e auxilia no equilíbrio das emoções”, acrescenta o terapeuta Edjasto Ferreira, diretor do Instituto de Massagem e Acupuntura Isa Prudome, em São Paulo.
A alteração no cérebro causada pela meditação é tão evidente que um estudo de Harvard, publicado no Psychiatry Research: Neuroimaging, conseguiu determinar a área atingida: há um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo das pessoas que meditam. Há, ainda, um aumento dessa massa no córtex cingulado posterior, na junção temporo-parietal e no cerebelo.
O que isso significa? Uma melhora em regiões envolvidas com aprendizagem, memória, emoções e estresse. O cérebro pode ficar com mais concentração de neurônios, que são perdidos conforme a idade avança.
O National Institutes of Health financiou mais de 24 milhões de dólares durante 20 anos para estudar os efeitos da Meditação Transcendental (MT) e outras técnicas relacionadas à doença cardiovascular. Os estudos, no geral, apontaram que essa técnica pode ajudar no tratamento de hipertensão (ao relaxar os vasos sanguíneos), reduzir a síndrome metabólica, combater aterosclerose e prevenir ataques cardíacos e derrames.
Cientistas da Universidade Emory, em Atlanta (Estado Unidos), descobriram que meses de meditação intensa podem aguçar o cérebro a ponto de ajudar a tratar distúrbios relacionados à desordem do pensamento, como déficit de atenção, hiperatividade, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de ansiedade e Alzheimer. A meditação contribui para regular a mente, aumentando a capacidade de limitar as distrações e confusões de pensamento.
Doenças que exigem tratamentos estressantes podem ter muita melhora com a meditação. Uma pesquisa da Universidade de Brasília mostrou que a prática reduziu os efeitos colaterais da quimioterapia – vômitos, náuseas e insônia – em mulheres que apresentavam câncer de mama.
Outro estudo, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos), apontou que pacientes com o vírus HIV habituados a meditar sofriam menos estresse e, consequentemente, tinham um sistema imunológico mais forte para impedir infecções e o avanço do HIV.
As chances de viver mais com meditação também são apontadas cientificamente. Um estudo publicado no American Journal of Cardiology, financiado pelos National Institutes of Health, avaliou as taxas de mortalidade de 202 homens e mulheres, com idade média de 71 anos. Todos tinham pressão arterial elevada. Após 18 anos de acompanhamento, as taxas de mortalidade foram reduzidas em 23% com a prática regular de exercícios de meditação.
Segundo o fisiatra Mário Vieira, é possível treinar o organismo para chegar ao estado de relaxamento da medicação praticando 20 minutos por dia, com exercícios de respiração diafragmática.”Sente-se em uma posição confortável, com a coluna reta e os olhos fechados; relaxe aos poucos a musculatura de todo o corpo; respire pelo nariz; conscientize-se no fluxo do ar que entra e sai do corpo e repita mentalmente uma mesma palavra de sua escolha, a cada expiração”, explica o médico do Hospital Israelita Albert Einstein.
O pesquisador da UNIFESP Roberto Cardoso conta que essa técnica descrita acima é chamada de passiva concentrativa, uma forma mais simples de meditar indicada para iniciantes. “O seu foco pode ser direcionado tanto a uma palavra quanto a um som, um objeto, uma parte do corpo ou mesmo somente à respiração”, afirma o médico.
Fonte: http://minhavida.uol.com.br/