Exercício é melhor que remédio para reduzir morte por doenças cardiovasculares
Pacientes com histórico de AVC ou diabetes se beneficiam da atividade física para prevenção de novos eventos, diz estudo
Os autores analisaram 16 estudos – quatro analisaram o efeito dos exercícios sobre pacientes com doenças cardiovasculares e 12 análises mediram o efeito do tratamento medicamentoso. Os pesquisadores acrescentaram três novos ensaios de exercícios para uma revisão, que incluiu 305 ensaios clínicos randomizados com 339.274 participantes. Para os quatro trabalhos com evidências sobre a eficácia do exercício sobre a mortalidade, 14.716 participantes foram incluídos em 57 ensaios.
Embora a amostragem sobre exercícios tenha sido reduzida, a análise não encontrou diferenças detectáveis nas taxas de mortalidade entre pacientes que fizeram exercícios ou intervenções farmacológicas na prevenção secundária de doença cardíaca coronária. O exercício foi mais eficaz do que qualquer intervenção medicamentosa para reduzir a taxa de mortalidade entre os pacientes com AVC. Nem exercício nem drogas eram claramente eficazes em reduzir as taxas de mortalidade em pré-diabetes, afirmam os autores. Na insuficiência cardíaca, diuréticos foram mais eficazes do que o exercício, mas esse superou todos as outras classes medicamentosas para o problema como betabloqueadores e bloqueadores dos receptores da angiotensina.
Os cientistas afirmam que nos casos em que as opções de drogas proporcionam apenas modesto benefício, os pacientes merecem entender o impacto que a atividade física pode ter sobre sua condição. Segundo eles, é importante que o médico oriente sobre a prática de exercícios e que os pacientes sejam mais engajados nesse tipo de prevenção.
Aposte nestes exercícios para a saúde do seu coração
Para garantir um coração saudável, os médicos recomendam um remédio milagroso: movimentar o corpo. Quando fazemos exercícios regularmente, o coração trabalha com mais eficiência e sem ter que fazer tanto esforço. O sangue flui melhor e as artérias e vasos ficam mais flexíveis e saudáveis. Tudo isso previne o risco de doenças cardiovasculares, como infarto, colesterol alto, derrame e hipertensão. Para favorecer o sistema cardiovascular, os exercícios precisam elevar a frequência cardíaca. “É o caso da caminhada, da bicicleta, da natação, corrida, aulas de step e jump”, recomenda Paulo Mazzeu. Confira, a seguir, por que essas atividades fazem tão bem ao músculo vital e quais as variações de treino que favorecem a saúde cardiovascular.
Tempo e frequência
Você não precisa passar duas horas na academia todos os dias para proteger o coração. Mesmo pequenas quantidades de atividade física podem reduzir o risco de doença cardíaca, diz um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Harvard (EUA).
Segundo a pesquisa, praticar 150 minutos – o equivalente a duas horas e meia – de exercícios por semana diminui o risco de doença cardíaca em 14%. Essa porcentagem aumenta de acordo com a quantidade de exercícios praticados.
“O mais importante é que faça com regularidade, pois seus efeitos benéficos não são mediatos, mas, sim, a médio e longo prazo”, explica o cardiologista Cláudio Baptista, da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
Ela afasta o risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão e colesterol alto, graças ao condicionamento físico que a atividade proporciona. Sendo uma atividade aeróbica, a corrida de longa duração e baixa intensidade condiciona o coração.
De acordo com o médico do esporte Ricardo Munir Nahaf, da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), depois de algum tempo de prática, seu organismo passa a economizar energia para realizar algumas tarefas. Essa economia gerada pelo condicionamento físico é que impede que ele se sobrecarregue, facilitando o controle de pressão, colesterol e peso.
Segundo o personal trainer Edson Ramalho, de São Paulo, após duas ou três semanas, já é possível sentir a diferença da corrida no condicionamento físico. Até mesmo tarefas corriqueiras, como subir escadas, tornam-se mais fáceis. Como resultado, os afazeres ficam menos cansativos e mais prazerosos.
Para afastar o perigo da hipertensão, aposte nas caminhadas. As passadas reduzem a pressão arterial na primeira hora e, o que é melhor ainda, essa queda se mantém nas 24 horas seguintes. Essa foi a conclusão de uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP. Isso acontece porque durante a prática do exercício, o fluxo de sangue aumenta, levando os vasos sanguíneos a se expandirem, diminuindo a pressão.
Além disso, a caminhada faz com que a as válvulas do coração trabalhem mais, melhorando a circulação de hemoglobina a e oxigenação do corpo. “Com o maior bombeamento de sangue para o pulmão, o sangue fica mais rico em oxigênio. Somado a isso, a caminhadatambém faz as artérias, veias e vasos capilares se dilatarem, tornando o transporte de oxigênio mais eficiente às partes periféricas do organismo, como braços e pernas”, explica o fisiologista Paulo Correia, da Unifesp.
A caminhada também é um fator de proteção contra derrames e infarto. “Além de regular os níveis de colesterol no corpo, os vasos ficam mais elásticos e mais propícios a se dilatarem quando há alguma obstrução. Isso impede que as artérias parem de transportar sangue ou entupam”, diz Paulo.
A caminhada em esteiras com velocidade entre 4,0 e 6,0 km/h (acima disso poderá prejudicar a coluna lombar) e com inclinação entre 2 e 12% (sem segurar na barra de apoio) é uma atividade cardiovascular excelente. “Ao mesmo tempo em que consegue elevar a frequência cardíaca para uma zona de treinamento mais eficaz do que uma caminhada normal, este tipo de treino tem uma sobrecarga articular muito menor para os tornozelos, joelhos e coluna do que o treino de corrida tradicional”, explica o professor de educação física Paulo Mazzeu.
São vários os benefícios de quem opta pela modalidade, principalmente quando se está fora de forma. Dois desses benefícios são o baixo impacto nas articulações e a melhora do processo cardiorrespiratório.
Para o preparador físico Rodrigo Taddei, de São Paulo, algumas estratégias do treino da natação são capazes de aumentar o condicionamento do coração e também acelerar a queima de gordura corporal. São elas:
– Aumentar a intensidade: um exemplo é fazer um treino intervalado com intensidade mais alta (no limite máximo do limiar aeróbico);
– Variar os treinos: assim, o organismo não se acostuma ou acomoda, com isso, o gasto calórico sempre será mais elevado;
– Utilizar acessórios, como os palmares e nadadeiras, que aumentam o trabalho muscular, gerando um crescimento do gasto calórico.
Os grandes especialistas em saúde cardiovascular sugerem que a variação da modalidade é mais benéfica do que a manutenção da mesma atividade aeróbia. “Desta forma, se eu faço natação na segunda-feira, corrida na quarta-feira e pedalo no final de semana, eu propicio maior benefício à saúde cardiovascular do que a mantendo o mesmo gasto esportivo”, aponta o professor de educação-física. A variação de treino contínuo e intervalado também mostrou-se mais eficaz no aumento do consumo de oxigênio.
Os melhores estímulos são a mescla de dois tipos de treino. O treino contínuo e o intervalado. Como o próprio nome diz, o treino contínuo caracteriza-se pela manutenção da frequência cardíaca em uma mesma intensidade (70% da frequência cardíaca máxima, por exemplo) e tem, como principal benefício, a dilatação das câmaras cardíacas, algo fundamental para a melhora do rendimento do coração.
Já o treino intervalado beneficia a saúde cardiovascular pela sua capacidade de fortalecer o miocárdio (músculo cardíaco), aumentando a eficiência de bombeamento de sangue realizado pelo coração. Este treino caracteriza-se pela variação da frequência cardíaca. “Tentamos atingir uma intensidade mais alta por determinado tempo (correr a 90% dafrequência cardíaca máxima por 2 minutos, por exemplo) e, em seguida, propiciar uma recuperação parcial do corpo (caminhar até atingir 70% da frequência máxima, por exemplo)”, diz o professor Paulo Mazzeu. O número de séries vai depender do condicionamento de cada indivíduo.
Fonte: http://minhavida.uol.com.br/