Diário alimentar ajuda crianças a terem controle das porções e dos sentimentos que os levam a comer
É muito importante levar em conta não só o que seu filho come, mas também o porquê de se estar consumindo alguns tipos de alimento naquele momento
Nem sempre nos alimentamos para matar a fome: o ato de comer normalmente está associado a emoções e outras influências. E com as crianças não é diferente. Por isso mesmo, quando o intuito é combater a obesidade infantil, temos que pensar nas emoções que nos levam a fazer nossas escolhas alimentares.
Quando se come para compensar uma frustração ou mesmo para comemorar um momento importante ou especial, é muito mais fácil recair em escolhas pouco saudáveis, como alimentos ricos em gordura, açúcar e carboidratos. Infelizmente, o mais comum é que as pessoas afoguem suas mágoas no chocolate e não em um prato de brócolis.
Por isso mesmo, questionar como está sua fome e quais são seus sentimentos antes de levar o alimento à boca é fundamental para entender a sua relação com a comida. Crianças podem e devem praticar esse exercício, por meio de um diário alimentar, com a ajuda e companhia de seus pais.
O primeiro passo é perguntar ao seu filho e a você mesmo: qual é o grau da sua fome? Existe uma escala de fome e saciedade que você pode usar como base:
Fome | Sensação | Saciedade |
0 | Absolutamente estufado | 10 |
1 | Passando mal de tão saciado | 9 |
2 | Tão cheio que precisou afrouxar a roupa | 8 |
3 | Começando a se sentir desconfortável | 7 |
4 | Sensação de ter comido demais | 6 |
5 | Saciado e confortável | 5 |
6 | Primeiros sinais de fome | 4 |
7 | Estômago roncando | 3 |
8 | Sensação de tonturas | 2 |
9 | Muita fome | 1 |
10 | Faminto | 0 |
O ideal é nunca estar nos extremos da fome e da saciedade e normalmente você atinge isso fazendo de cinco a seis refeições ao dia e comendo moderadamente em cada uma delas. Durante a refeição pare para respirar entre as garfadas, converse, solte os talheres das mãos. Atenção pais, se vocês se sentam ansiosos ou irritados à mesa passam isso para os filhos. Se precisar, pare, reflita e se controle antes de começar se juntar a família para comer.
Por outro lado, também é importante você e seu filho pensarem: qual grau de vontade de comer você estão sentindo? Pensando que 0 é vontade nenhuma e 10 é estar salivando por aquele alimento.
Depois desse exercício, façam sua refeição e depois anotem o horário, o que vocês comeram e a quantidade, e então conversem e questione seu filho: qual foi o grau de saciedade após essa refeição? E também reflitam: o que vocês estavam pensando ou sentindo na hora de comer?
A importância dessas informações
Anotar todas essas questões em um diário alimentar é muito importante para você e seu filho entenderem os que o motiva a comerem. Algumas sensações nos estimulam aos movimentos do comer. Por exemplo, sentir raiva estimula a vontade de morder e mastigar. Passar por um desaforo (ou engolir um sapo), estimula a necessidade de deglutir.
Quando comemos devido a um impulso da emoção, muitas vezes não há fome (a escala fica abaixo de 5) e a vontade de comer é que está alta. Quando isso acontece, lembre-se do que você estava pensando quando comeu: será que você estava nervoso, chateado ou mesmo ansioso com alguma situação que aconteceu ou estava prestes a acontecer? E depois pense: o problema continua depois de você ter comido? Então será que comer é a solução?
E quando suas emoções pareciam estar dentro do controle, pense então em o que o motivou a pensar em comer. Fique atento a estímulos do ambiente como uma imagem, cheiro ou algo que disparou um pensamento? Com o tempo, você começará a perceber em quais situações a comida está funcionando como uma válvula de escape. Depois de reconhecer esses momentos, fica muito mais fácil elaborar outras estratégias para extravasar essa emoção sem ser através da comida.
No caso das crianças, a comida pode trazer um sentimento de afeto e conforto: a tradução do cuidado dos pais ou de seu cuidador. Afinal, desde bebê a solução para o choro e momentos difíceis muitas vezes foi o peito ou uma mamadeira, certo? Mude estes momentos conversando mais com a criança e demonstrando seu afeto. Mesmo fazer esse diário, e assim se mostrar interessado nos sentimentos e sensações dela, já é uma forma de dar mais atenção. Um abraço antes ou depois da refeição pode “sustentar” mais que um monte de comida e controlar a vontade ou ansiedade por comer.
Se você está fazendo o diário com uma criança, é muito importante conversar com ela em cada fase do processo. Nem sempre a criança sabe compreender suas emoções, por isso é importante que os pais conversem com ela e façam o diário juntos, para dar o exemplo não só de como se faz, mas para a criança não se sentir só nessa empreitada.
Pronto para começar? Faça o download aqui do Diário Alimentar e o preencha com a ajuda do seu filho!
Dicas para controlar as emoções ao comer
- Mastigue mais e busque seu prazer pelo tempo que o alimento fica na boca e não pela quantidade
- Estabeleça um ambiente tranquilo, estimule a criança a prestar atenção na comida, no aroma, nas cores, e nos seus sentimentos, e comer com a TV ligada ou com uma conversa energética à mesa ou sons altos desequilibram estas percepções e nos faz comer mais ou comer sem perceber
- Lembre-se: o sabor do primeiro e do quinto pedaço é o mesmo, porém, comer mais não te dará mais prazer. – Coma em companhia: ponha a mesa, use um prato e talheres, sente-se
- Atividades com as crianças ajudam como cheirar o alimento antes de comer, adivinhar os alimentos de olhos fechados, entre outras.
Fonte: http://minhavida.uol.com.br/