Diabetes: saiba como manter a saúde e levar uma vida normal
Paciente não precisa fazer restrições alimentares, contanto que saiba como consumir cada alimento
Quem tem diabetes sabe que deve ter uma rotina controlada, voltada ao monitoramento do açúcar no sangue e que essa é uma atitude que não pode ser negligenciada. Por isso, é preciso saber o que comer no dia a dia e em momentos como festas, trabalho, escola ou durante a atividade física. E, claro, informar às pessoas que convivem nesses ambientes sociais que você é diabético, para que elas também possam colaborar com a sua saúde.
Não há necessidade de fazer restrições alimentares, contanto que os alimentos sejam consumidos de modo apropriado e com atenção à liberação de açúcar no sangue, o que facilita o monitoramento. Em geral, os de baixo índice glicêmico (que promovem uma digestão lenta e liberam o açúcar no sangue aos poucos) são os mais indicados. Veja o que pode ser consumido em cada situação, para uma convivência social tranquila:
Em festas
Em festas, pessoas com diabetes podem comer o que quiserem, desde que com moderação
Procure dar uma volta na mesa ou sonde o cardápio previamente para identificar as opções mais saudáveis, recomenda o endocrinologista Mateus Dornelles Severo, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Escolha um sanduíche natural, água ou refrigerante zero, por exemplo.
No trabalho
No trabalho, uma boa pedida é ter lanchinhos com baixo IG sempre à mão
Quem faz uso de insulina, tem horário para fazer lanches e para aplicar a medicação. “O lanche ideal é aquele que não eleva rapidamente a glicose. Tem que ser prático, fácil de fazer e transportar, e deve ser o mais natural possível”, conta Mateus. Boas opções são frutas como maçã e pera (com baixo IG), banana e o abacate (que protege o diabético de complicações vasculares, por terem gorduras boas, as monoinsaturadas).
Sanduíches com pão integral também são uma boa opção, sempre se certificando que a farinha presente em maior quantidade na composição do produto é essa e não a branca. Acompanhado de um mix de oleaginosas (castanhas) ou um iogurte desnatado, também são boas pedidas.
Na escola
Na escola é importante avisar professores e colegas sobre as condições da criança
Os pais podem ajudar a criança a partilhar a sua condição e as necessidades alimentares dela como diretores, professores e colegas de classe. “A comunidade pode ajudar incentivando hábitos saudáveis como nos cuidados de uma horta para o consumo dos alunos, por exemplo. Isso aproxima a criança de alimentos que serão bons para a dieta dela. Certamente, irá se interessar mais por uma cenoura que ela plantou e que poderá estar no recheio de um sanduíche no seu lanche”, diz Mateus. “Pais também devem comer o que oferecem aos filhos, assim fica faz fácil de ele se espelhar”, complementa o médico. As frutas menores também têm mais aceitação, já que a mordida das crianças é menor. O sorvete de massa, hit do calor, pode ser trocado por um de polpa de fruta batida com iogurte desnatado.
Em viagens
Os tradicionais snacks industrializados podem rodar pelo carro, inclusive os seus, que podem ser… naturais! “Boas opções, novamente, são sanduíches pequenos (de pão integral, atum e iogurte grego desnatado) ou palitos de cenoura. O chocolate amargo também pode matar aquela vontade de comer um doce”, sugere Mateus.
Casos de sucesso
“É claro que ninguém quer ter uma doença. Mas o diagnóstico também pode ser visto como uma oportunidade para mudanças no estilo de vida e um maior cuidado com a saúde”, diz Maria Eduarda Melo, endocrinologista da USP e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
E é exatamente dessa forma que muitos fazem a transformação em suas vidas. Convivendo há 21 anos com o diabetes tipo 1, e fazendo uso de insulina de ação prolongada pela manhã, Emerson Bissan, 42 anos, sabe que é um exemplo a ser seguido e gosta de desmistificar os fantasmas da doença por meio do esporte.
“Adotei a corrida, após o diagnóstico. E, um ano depois, fiz a minha primeira maratona”, conta. E isso foi só o começo. O pâncreas do Emerson pode ter um limite. Ele não. Bissan já completou 66 provas de 42 km, além de estender seu desafio para corridas com distâncias maiores como as de 50 km, 75 km, 90 km, 100 km… De 24h, 48h e (até!) 217 km, quando correu uma ultramaratona das mais difíceis do Brasil, a Brazil135. “O diabetes me deu a oportunidade de me cuidar, dar importância à alimentação, praticar regularmente atividade física… Com cuidado e o controle dá para realizar qualquer sonho, no nível que você quiser e sem impedimento algum”, diz Bissan.
Claro que, para desafios desse porte, os cuidados também são necessários. Bissan monitora a glicemia antes, durante (aprendeu a fazer isso sem parar de correr) e após o exercício; conhece o pico de ação dos medicamentos (e fica de olho nisso para evitar quedas bruscas das taxas de glicose); porta sempre uma identificação mostrando que tem diabetes e usa calçados bem confortáveis para evitar machucados nos pés.
Adriana Villaça, 49 anos, também com diabetes tipo 1, frequenta todo lugar, de festas ao cinema. E, para contornar quedas de glicemia, tem sempre à mão lanchinhos saudáveis. “Também para cumprir uma rotina de ingestão de alimentos a cada três horas. Carrego comigo queijo tipo Polenguinho, frutas, chocolate ou balas. Controlo a ingestão de açúcar, mas tenho uma alimentação normal, apenas sem exagerar nos carboidratos”, conta Adriana.
Fonte: Minha vida