Crianças que aprendem a cozinhar têm hábitos alimentares mais saudáveis
A obesidade é uma doença devastadora e que está disseminada, atingindo diferentes culturas e classes sociais.
É caracterizada como uma doença inflamatória crônica que é precursora, ou está associada, a um conjunto de doenças modernas como hipertensão, diabete tipo 2, doença cardiovascular, acidente vascular cerebral e diversos tipos de cânceres, que representam a maior causa de morte precoce no mundo. Chama a atenção o alarmante incremento na incidência de obesidade em crianças, com consequências ainda mais graves.
As origens da obesidade são multifatoriais, sendo a maioria dos fatores associada a estilo de vida pouco saudável. Dentre estes, o padrão alimentar desponta como um dos principais, associado à baixa atividade física. Uma das razões que vem sendo apontada como causa da mudança do padrão alimentar nas últimas décadas é o menor tempo despendido pelas famílias no preparo de suas refeições. A causa precisa que levou a esta mudança cultural de forma tão abrupta ainda não está completamente esclarecida.
Alguns fatores, entretanto, têm sido sugeridos por alguns estudos – desde o maior envolvimento dos pais com o trabalho, a maior acessibilidade a alimentos industrializados, o aumento da renda média, associado a uma grande difusão e popularização de restaurantes e “fast-foods“. Alguns de nós, mais antigos, ainda lembramos que, mesmo nas classes mais abastadas, ir a um restaurante era uma exceção, reservada a alguma celebração especial (o mesmo acontecia com o refrigerante). Hoje, em muitas famílias de classe média, cozinhar em casa passou a ser a exceção, que ocorre em poucas situações. Estes fatores associados, além de produzir uma ruptura na cultura culinária das famílias, estão desenvolvendo hábitos alimentares muito pouco saudáveis.
Na tentativa de apontar soluções para este problema, um estudo publicado na última semana na revista científica Preventing Chronic Disease: Public Health Research, Practice and Policy aborda um aspecto interessante desta questão. Os autores da pesquisa realizaram uma revisão sistemática de oito outros estudos que testaram o efeito de programas que ensinam crianças de 5 a 12 anos a cozinhar sobre o padrão das escolhas alimentares destas crianças no futuro.
Os resultados demonstram que aprender a cozinhar influencia positivamente as crianças nas suas escolhas e comportamentos alimentares, sugerindo que esta ação pode desenvolver hábitos alimentares saudáveis de longo prazo nestes adultos de amanhã.
Envolver as crianças na cozinha, seja com cursos formais, ou mesmo em casa, pode ser decisivo para o futuro da saúde deste pequeno indivíduo, além de propiciar uma oportunidade lúdica e agradável de interação entre pais e filhos.
Esta ação deve começar com os pais. Com a grande quantidade de livros e programas de TV hoje disponíveis é quase impossível afirmar que uma pessoa não possa aprender a cozinhar.
Autor: Equipe ABC da Saúde
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